FALANDO SOBRE EDUCAÇÃO...

"As crianças são seres sociais, têm uma história, pertencem a uma classe social, estabelecem relações segundo seu contexto de origem, têm uma linguagem, ocupam um espaço geográfico e são valorizadas de acordo com os padrões do seu contexto familiar e com a sua própria inserção nesse contexto. Elas são pessoas, enraizadas num todo social que as envolve e que nelas imprime padrões de autoridade, linguagem, costumes."

Sonia Kramer

FONTE: http://www.mre.gov.br/dc/textos/revista7-mat8.pdf

sábado, 19 de fevereiro de 2011

AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA


Maria da Conceição Vieira e Eunice Barros Ferreira Bertoso


Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar o valor da contribuição da família diante de dificuldades de aprendizagem mesma relação de apoio a escola. Para realização dos estudos a abordagem metodológica utilizada foi a pesquisa qualiquantitativa. Para a coleta de dados foram utilizados questionários com questões fechadas e abertas. O estudo foi realizado com duas categorias de indivíduos: professores e pais.
Foram escolhidos numa amostra de conveniência, quinze pais e quinze professores do Ensino Fundamental I, de uma escola particular, confessional, da zona sul da cidade de São Paulo. Vários aspectos podem interferir positivamente ou negativamente na aprendizagem da criança e tanto a escola como a família tem papéis importantes e fundamentais no processo de aprendizagem.
Através de pesquisas e estudos de artigos foi obtida maior clareza sobre o tema e os resultados indicaram que pais e professores, tem se atualizado cada vez mais adquirindo diversas maneiras de trabalhar com as crianças, com a finalidade de incentivar a criança com dificuldade em seu universo escolar e familiar, alguns professores utilizam técnicas variadas e uma variedade de recursos que se completam. Uma porcentagem significativa da amostra, 80% apontam que os pais estão pesquisando para obter mais conhecimentos sobre as dificuldades de aprendizagem de seus filhos, enquanto 20% responderam que não fazem leitura a respeito do assunto. Quanto aos professores, 90% afirmaram que estão constantemente se atualizando sobre as dificuldades no processo de aprendizagem e somente 10% não se preocupam em pesquisar novos conhecimentos sobre este tema. Concluiu-se que diante das dificuldades de aprendizagem, a maioria dos professores e pais tem buscado ampliar conhecimentos para trabalhar com as crianças.
Palavras – chave: Dificuldades de aprendizagem, família.

ABSTRACTThis article aims to present the value of the contribution of family learning difficulties facing the same relationship to support the school. For such studies the methodological approach was to search qualityquantitative. To collect the data was used questionnaires with closed and open questions. The study was conducted with two categories of individuals: teachers and parents.
Were chosen on a convenience sample of fifteen teachers and fifteen parents of Elementary School, a private school, religious, south zone of São Paulo. Several aspects can interfere positively or negatively on learning of the child and both the school and the family is important and fundamental roles in the learning process.
Through research studies and articles were obtained greater clarity on the issue and the results indicated that parents and teachers, has been increasingly getting updated several ways to work with children, with the aim of encouraging children with difficulties in their universe school and family, some teachers use different techniques and a variety of resources that complement each other. A significant percentage of the sample, 80% indicate that parents are searching for more knowledge about the learning difficulties of their children, while 20% said they do not read on the subject. For teachers, 90% said they are constantly being updated on the difficulties in the learning process and only 10% do not bother to search for new knowledge on this topic. It was concluded that given the difficulties of learning, the majority of teachers and parents have sought to expand knowledge for working with children.
KEYWORDS: Learning disabilities, family 

INTRODUÇÃOHOUAISS (2004) Minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa: “Família é um grupo de pessoas, formada, por pai, mãe e filho(s), que vivem sobre o mesmo teto.”
No processo de aprendizagem da criança, a família tem fundamental importância, pois ela desempenha um papel importantíssimo no desenvolvimento físico e psíquico da criança. A família exerce influência imensa na qualidade de vida de seus filhos.
WHITE (1990, p.17) “É no lar que a educação da criança deve iniciar-se. Ali está a sua primeira escola. Ali, tendo seus pais como instrutores, terá a criança de aprender as lições que a devem guiar por toda a vida, lições de respeito, obediência, reverência, domínio próprio.”
A família e a escola têm função em comum: mediar a criança para desenvolver-se nos aspectos social, intelectual, moral, físico e religioso. A criança vai adquirir e alimentar a sua auto-estima positiva, no decorrer do seu crescimento. A criança se sentindo segura perceberá que é capaz de aprender, passará a ter confiança em si mesma e carregará sentimento no decorrer de toda a sua vida, sempre acreditando que é possível vencer os obstáculos encontrados.
Quando as aprendizagens familiares são eficazes e prazerosas, a criança transfere o prazer de aprender também para as aprendizagens escolares. A participação da família no processo de aprendizagem é fundamental para a convivência com os seus semelhantes. Família e escola têm função em comum: auxiliar a criança  no desenvolvimento de todos os aspectos essenciais para o sucesso na aprendizagem, futuros cidadãos.
PINCUS E DARE (1987, p.68-89). Nesse sentido o autor descreve: “O sucesso da criança ao enfrentar as difíceis tarefas subjetivas ao longo do seu desenvolvimento depende, em grande parte, das condições psicológicas que os pais lhe oferecem, sem esquecer as próprias experiências infantis  dos  pais, assim  como  a   sua   relação conjugal,  são  fatores importantes no seu processo de interação com a criança. Vemos deste modo como os laços familiares são essenciais para a estruturação psíquica desde os primeiros anos de vida.”
É através da família que a criança relaciona-se com o mundo adulto e é no meio em que vive que ela aprende a conduzir seus afetos, avaliar as relações, receber orientações e estímulos para ocupar o seu espaço na sociedade.
Verificamos que a família é o alicerce de sustentação da criança, é através da família que a criança desenvolverá sua auto-estima, segurança, domínio próprio, confiança contribuindo para o desempenho de toda sua vida nos vários aspectos sociais e emocionais.
WHITE (2008, p. 61) “Na escola do lar, que é o curso inicial, deve-se utilizar o melhor talento. Sobre todos os pais repousa o dever de proporcionar instrução física, mental e espiritual ser o objetivo de cada pai alcançar para seu filho um caráter bem equilibrado e simétrico.”
Este artigo tem como objetivos; principal e secundários, apresentar a investigação realizada, analisar e estabelecer relações entre as dificuldades no processo de aprendizagem, da família e da escola, numa contribuição continuada.
As famílias não mantinham suas crianças em casa, pois deveriam aprender o ofício das pessoas de outras casas. A criança para as quais eram enviadas por muitos anos, não convivia com os pais e a relação sentimental entre pais e filhos era praticamente nula. A família estava muito preocupada com o desenvolvimento social - como eram vistos pela sociedade, e por esse motivo os filhos tinham que conviver com outras famílias para serem educadas e ensinadas.
A partir do século XV a educação começou a ser oferecida pela escola, o que possibilitou uma maior aproximação entre pais e filhos, quando o papel de levar para a escola passou a ser dos pais e não mais das outras famílias. A afetividade passou a ser presente no contexto familiar.
A família exerce um papel de grande importância na vida dos filhos; quando há aproximação sentem-se seguros e confiantes para conversarem. Constatamos que a família está  passando por  profundas  transformações,  preocupando-se mais com o bem
estar dos filhos – no que se refere à educação e saúde. O que antes não era prioridade, agora é. Os filhos estão sendo valorizados e reconhecidos pelos pais. A família está conquistando mais espaço.
É importante ressaltar que apesar das transformações que estão ocorrendo,na era pós-moderna a família ou os pais ainda exercem influência primordial na criação e formação da criança desde o seu nascimento até a vida adulta. A família é responsável pelo desenvolvimento saudável e construtivo dos filhos.
A mãe lembra-se dos fatos ocorridos em sua infância, lembra-se de alguém que cuidou dela, e de acontecimentos que marcaram sua vida de forma positiva e negativa. Os fatos vivenciados pela mãe em sua infância podem ajudá-la ou não em sua experiência materna.
Quando criança, os pais eram aprendentes e agora são ensinantes de seu(s) filho(s). Eles carregam uma grande bagagem de experiências, conquistas e todos esses conhecimentos serão transmitidos aos filhos através de seus gestos, palavras, exemplos e atitudes. Esta transmissão de valores deverá proporcionar um relacionamento melhor entre pais e filhos.
A união entre pai, mãe e filho(s) assegura o pleno desenvolvimento físico e emocional, essencial ao ser humano. A família é extremamente importante para o crescimento e desenvolvimento da personalidade do ser humano. O elo entre mãe e filho é muito forte, o que promove cada vez mais o vínculo entre ambos. A mãe tem a função de ensinar o seu filho e de promover a adaptação do mesmo no mundo. Na prestação de cuidados ao bebê, por meio de toques, da voz, e outros canais de expressão e percepção, mãe e bebê trocam amor e desejo um pelo outro. Tudo que ocorre a partir desta relação de um indivíduo pode contribuir para a formação de um indivíduo com caráter e personalidade marcantes.
A socialização da criança também dependerá do estabelecimento de limites - pois não ceder a todos os desejos dos filhos; também pode ser considerado fator. A
criança que experimenta a convivência com regras estará sendo educada para a vida em sociedade. Nem sempre a criança terá tudo à sua disposição, mas deverá lutar pela realização dos seus objetivos, respeitando os limites e regras sociais.
A imposição de limites aos filhos é uma questão muito importante, que deve ser desde pequenos praticada, pois exercerá influência no processo do desenvolvimento da sua socialização. Algumas crianças às vezes “abusam” do amor dos pais e procuram fazer artimanhas para conseguirem o que querem e quando os pais cedem à primeira vez, fica mais difícil evitar a próxima vez. No entanto quando os pais  habitualmente impõem limites, a criança passará a agir com cautela e o comportamento indesejado tende a cessar.
Os pais são os espelhos da casa. E os filhos refletem tudo o que se passa no lar. Isto pode trazer progressos ou não para o relacionamento social dos filhos. É preciso que haja um equilíbrio no lar para que os filhos mantenham um bom relacionamento afetivo e social.
A família é essencial também para um melhor desenvolvimento da aprendizagem escolar da criança.  Os pais devem estar em sintonia e transmitir aos filhos amor e paciência proporcionando assim um diálogo construtivo, que favoreça a aprendizagem da criança.
Quando não há sintonia entre os pais, o rendimento escolar da criança poderá diminuir. Alguns são exigentes para com os filhos, outros autoritários e alguns prometem coisas “se” ele melhorar o seu rendimento escolar; enquanto que outros ditam as regras de forma diferente. A criança poderá ficar confusa, e então não saberá o que fazer sofrendo vítima do prejuízo extensivo na escola.
O desenvolvimento do filho dependerá muito da sua criação, da sua vivência diária, dos exemplos dos pais. Por ex: se há hábito de leitura na família, se os filhos têm acesso a livros e revistas para manuseio, principalmente se os próprios pais acompanham de perto a vida escolar dos filhos.
Sabemos que os pais na maioria das vezes trabalham em tempo integral e com o avanço da modernidade feminina, as mulheres também assumiram responsabilidades trabalhando fora da casa, ficando mais tempo fora do lar, e isso diminuiu o contato com os filhos o que muitas vezes prejudica também o rendimento escolar dos filhos. No entanto devem disponibilizar um pouco do seu tempo para acompanhar a vida acadêmica do filho. Em casos de pais ausentes a aprendizagem escolar do filho é um grande fracasso, pois não há apoio e atenção devida.
Podemos certificar também que a criança vinda de uma família com maior número de irmãos, tem maior facilidade em adaptar-se socialmente, tornando-se “independente” mais cedo; enquanto que a criança que é filho único apresenta dificuldades ao relacionar-se socialmente, como por exemplo, na escola. Sendo assim, a criança pode apresentar um bloqueio em seu processo de aprendizagem.
Cabe a família influenciar a criança de forma positiva, porém também pode influenciar negativamente, dependendo de como são educados e ensinados para conviver harmoniosamente em sociedade.
VIGOTSKY (1988, p. 97-101) “Ao considerar a aprendizagem como profundamente social, afirma que quando os pais ajudam e orientam a criança desde o início de sua vida, dão a ela uma atenção social mediada, e assim desenvolvem um tipo de atenção voluntária e mais independente, que ela utilizará na classificação e organização de seu ambiente.”
Podemos perceber que as orientações que os pais dão aos filhos, desde o início de sua vida são fundamentais para o seu progresso social e pessoal, pois aprendem a ser pessoas humildes e solícitas.
A aprendizagem da criança se dá em primeiro lugar dentro do contexto familiar, onde há um primeiro contato, onde são aprendidos as primeiras lições e exemplos que perduram por toda a vida. É na família que ocorre o processo de humanização - a criança aprende valores, a ter respeito e a relacionar-se de forma saudável com outros.
É muito comum pensarmos que quando a família tem uma estruturação - está acompanhando em alguns  momentos a  criança  na  escola,  em  parte,  algumas  dessas
famílias tendem a acompanhar os filhos pressionando-os, isso não é nada bom para a criança, pois ela simplesmente irá dedicar-se à escola por medo dos pais, por não querer decepcioná-los. Na realidade o que acontece é que ela vai “decorar” o conteúdo, estudar naquele momento, e logo depois o esquecerá. As lições ensinadas de fato não serão um aprendizado significativo e duradouro, mas efêmero.
A questão da responsabilidade também influi na educação e aprendizagem dos filhos. Os pais em alguns momentos, como todo ser falho, pode ter medo de errar ao educar os filhos. Ter medo de errar sozinho, mas é exatamente nesse ponto que os pais devem estar unidos em sintonia, falando a mesma linguagem, dividindo as responsabilidades e trabalhando em conjunto. Assim ninguém se sentirá culpado pelos problemas apresentados por seus filhos, mas sim, ajudarão a evitá-los, pois os filhos vão se sentir bem, em um ambiente acolhedor e seguro com pessoas confiáveis.
Desatenção e hiperatividade são dois sintomas que comprometem a aprendizagem da criança. Isso ocorre devido às mudanças rápidas que a sociedade enfrenta; e a criança para adaptar-se, passa também por mudanças. Essas mudanças sofridas pelas crianças geram um baixo rendimento escolar, e interfere em sua personalidade como um todo.
POLITY (2001, p. 27) afirma que: “A dificuldade de aprendizagem pode ser definida como um sintoma psicossocial, com pelo menos três constituintes básicos: a criança, a família e a escola. Sua evolução está intimamente relacionada com a estrutura e dinâmica funcional do sistema familiar, educacional e social no qual a criança está inserida.”
A aprendizagem da criança está relacionada ao sistema familiar, educacional e social, em que a criança está inserida. O que nos dá a entender que estes três constituintes devem complementar um ao outro; e que quando são detectadas as
dificuldades de aprendizagem a culpa não é de um só indivíduo, mas de todos os envolvidos que devem fazer intervenções.
Numa perspectiva educacional, as Dificuldades de Aprendizagem (D.As) refletem uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem da leitura, da escrita, do cálculo ou para a aquisição de aptidões sociais.
Existem inúmeros fatores que podem desencadear problemas ou distúrbios de aprendizagem:
“Fatores orgânicos – saúde física deficiente, falta de integridade neurológica (sistema nervoso doentio), alimentação inadequada. Fatores psicológicos – inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à realidade, sentimento generalizado de rejeição. Fatores ambientais - o tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de comunicação.” José & Coelho (2002, p.23).
É recomendável que as D.As sejam identificadas o mais rápido possível. Os pais, professores e educadores devem observar atentamente a criança, frisando o seu comportamento - um conjunto de sinais, por exemplo: conhecer os dias da semana, manipular objetos, desenhar, subir, correr e etc. Quando constatada as dificuldades de aprendizagem, deve haver uma intervenção por parte de profissionais altamente qualificados e também dos outros envolvidos - pais, professores, para que este aluno não venha a ser um fracasso, mas sim que o ajude a reduzir o insucesso no quadro de D.A. O apoio ao professor e os trabalhos em parceria com coordenadores e gestores devem atender as reais necessidades dos alunos.
As dificuldades são detectadas também, quando a criança apresenta problemas emocionais graves e incapacidade ao realizar tarefas. Isso geralmente ocorre em um ambiente escolar, quando a criança passa a resistir a algumas normas impostas sobre ela. Ocorre então uma mudança no seu comportamento.
Quando os pais brigam, crises e conflitos ocorrem com freqüência. Os pais as vezes resolvem não se separar para manter uma boa aparência perante a sociedade e principalmente perante os filhos, tendem a pensar que os filhos ficaram bem; no entanto
esse comportamento só vai dificultar a vida pessoal do filho, desencadeando desordens anti-sociais. Nesse caso a família (os pais) tem que optar por uma decisão consciente e inteligente, que não prejudiquem os seus filhos, deixando-os neutros diante do relacionamento conjugal.
Método 
Para realização dos estudos a abordagem metodológica utilizada foi a pesquisa qualiquantitativa. Para a coleta de dados foram  utilizados questionários  constituídos de
um conjunto de questões fechadas e abertas, o estudo foi realizado com duas categorias de sujeitos: professores e pais.
Foram escolhidos numa amostra de conveniência, quinze pais e quinze professores do Ensino Fundamental I, de uma escola particular, confessional, da zona Sul da cidade de São Paulo. Os pais têm idade mínima de 29 anos e máxima de 52 anos, sendo 80% do sexo feminino, apresentam como título acadêmico 1º grau completo (10%), superior incompleto (30%) e 2º grau (60%). Os pais e professores foram convidados espontaneamente a participarem da pesquisa. Os professores têm idade mínima de 22 anos e a máxima de 40 anos, sendo 100 % do sexo feminino. Os professores (20%) apresentam como título acadêmico mais alto, pós – graduação, superior completo (70%) e superior incompleto (10%).
Os resultados foram analisados e organizados de acordo com as informações obtidas através da bibliografia consultada e da análise estatística das questões dos questionários. A interpretação final desses dados empíricos se dará combinando a consulta a literatura especializada com as percepções e ideias inferidas pelos pesquisadores no estudo do material coletado. Os resultados terão por base as contribuições dos sujeitos em questão. O primeiro contato com os participantes foi o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação da pesquisa, após aprovação do Comitê de Ética.
Resultados
Através dos dados levantados verificamos a importância do trabalho da família e dos professores no processo de aprendizagem da criança.
Este gráfico nos mostra uma porcentagem significativa, onde 80% dos pais afirmaram que estão pesquisando, para obter mais conhecimento sobre as dificuldades de aprendizagem de seus filhos, enquanto 20% responderam que não fazem leitura deste tipo de material. Quanto aos professores 90% afirmaram que estão constantemente se atualizando a este respeito. E somente 10% não se preocupam em pesquisar novos conhecimentos sobre este tema.
FERHAMAN KEITH e REIMERS (1987, p.80) Esse envolvimento parental diz respeito às interações dos pais na realização dos trabalhos escolares do filho e ao encorajamento verbal e reforço direto de comportamentos, o que supõe suporte e monitoramento das atividades diárias, contribuindo para produzir melhoras no desempenho acadêmico da criança.
Se todos os pais pesquisassem mais, mudariam seu comportamento e seriam bons exemplos como leitores aos filhos. Além do mais, a leitura aproxima as pessoas, seja lendo uma história, comentando sobre o assunto do livro, e uma variedade de atividades que podem ser desenvolvidas a partir do conteúdo lido, ou em família.
Quando os pais foram questionados sobre a importância da participação em eventos de integração nas relações família e escola, 67% priorizaram as reuniões de pais e mestres e 20% da importância aos programas oferecidos pela escola. Um percentual muito pequeno dos pais, apenas 10% responderam que só vão à escola quando são convidados a comparecerem diante das dificuldades que os filhos apresentam.
BARBOZA E LEITE (2004, p. 471) “A melhoria do processo de aprendizagem e conseqüentemente o letramento, pode ser conseguido, através de um trabalho integrado entre professor – escola – família – comunidade, no sentido de melhor desenvolver a prática educativa. Isto significa que o professor precisa entender como acontece aprendizagem, da leitura e da escrita, buscando as origens das dificuldades e do fracasso, devendo avaliar diagnosticar e, acima de tudo, estabelecer um rumo teórico de ação integrando o aluno, a escola e a família e a sociedade.”
Ao analisarmos os dados e cruzarmos estas informações com os estudos realizados, percebemos que é de fundamental importância a participação e envolvimento da família na escola. Não só nos possíveis problemas com relação à aprendizagem dos filhos, mais também nos eventos culturais, esportivos e sociais durante o ano letivo. Esta integração proporciona ao aluno segurança e confiança tanto com os pais quanto aos professores. O resultado desta união escola, aluno e pais significam educação sólida e garantida.
Nesta questão em que a escola convida os pais para participarem foram levantados dados de extrema relevância, sendo que 80% dos professores convocaram os pais para apontar dificuldades familiares que prejudicam o aprendizado, 10% para reclamarem do comportamento do aluno e 7% solicitarem o encaminhamento ou tratamento. Enquanto observa-se que 60% dos pais disseram ser chamados para apontamento de falha dos filhos, 20% reclamações de comportamento e 15% solicitação de encaminhamento.
Entende-se explicitamente nesta questão que os professores e pais ainda não construíram uma relação de diálogo, de respeito pelos conhecimentos e valores de cada uma das partes, com a intenção de obter um ganho na formação e aprendizagem do aluno com dificuldades no processo de aprendizagem.
BRONFRENBRENNER (1999, p. 28) “Enfatiza que: os três principais sistemas que afetam a criança em desenvolvimento são: família, a escola e o ambiente externo a estes dois contextos. Ele destaca a influência dos aspectos culturais, como crenças, valores, atitudes e oportunidades, que podem facilitar ou mesmo dificultar a evolução da pessoa. Por exemplo, se a escola acredita que os pais devem participar apenas contribuindo com a Associação de Pais, Alunos e Mestres (APAM) ou, somente, participando das reuniões bimestrais, eles certamente não serão convidados a discutirem aspectos ligados à concepção pedagógica de ensinos e aos processos de avaliação adotados. As crenças, valores e atitudes podem ser efetivas no estabelecimento de alianças e de um clima de cumplicidade entre pais e professores.”

Notou-se nesta questão que apenas 17% dos pais consideraram que deve haver um acompanhamento diário e constante nas atividades dos filhos. Nesta mesma questão 43% dos professores apresentaram preocupação com o acompanhamento dos pais diariamente. Na relação família escola 21% dos professores enfatizaram essa integração, 20% ressaltaram o apoio dos pais e 12% não detectaram as dificuldades de aprendizagem. Em contra partida 27% dos pais citaram como problemas de aprendizagem dispersão e agitação, 19% acreditam na estimulação da criança por meio de jogos e brincadeiras e a minoria de apenas 5%  não detectaram dificuldade de aprendizagem.
Piaget apud LAJONQUIERE (2002, p.128) “Em um primeiro sentido, pode-se dizer que a afetividade intervém nas operações da inteligência; que estimula ou perturba; que ela é causa de acelerações ou de atraso no desenvolvimento intelectual; mas que ela não será capaz de modificar as estruturas da inteligência enquanto tal... Em um segundo sentido, pode-se dizer, ao contrário, que a afetividade intervém nas estruturas da inteligência, que ela é fonte de conhecimento e de operações cognitivas originais. Numerosos autores têm sustentado este ponto de vista (...); e a continuação cita os nomes de Wallom, Malrieu, Ribot e Perelman..”
A família é a base de tudo na vida da criança, o lar é a primeira escola e os pais os primeiros professores. Neste sentido os pais e os educadores devem almejar um bom relacionamento e uma constante união, com a finalidade de ajudar a criança com dificuldade de aprendizagem, para que haja um crescimento satisfatório em seu rendimento escolar.
Constatou-se na questão da contribuição do professor diante das DAs, na visão de pais e professores houve significativa discrepância nas opiniões, onde 40% dos professores afirmaram a importância de metodologia facilitadora e apenas 7% dos pais consideraram o mesmo. Quando se refere a importância de observar  e dar estímulo ao aluno 24% dos pais declararam ser necessário essa observação, enquanto apenas 3% dos professores consideraram esse fator. Observa-se também que 27% dos pais focaram que os professores precisam ter mais paciência com as crianças e em contra partida 17% dos professores afirmaram que o incentivo a leitura é de maior relevância.
PAULO FREIRE (1987, p.149) “É de suma importância a presença constante e efetiva do professor uma vez que, este deve ser um observador, orientador, mediador e avaliador, na construção do conhecimento a ser elaborado  pelo aluno. Desta forma, a  aprendizagem  dar-se-á na relação de troca e interação entre ambos, e não o professor, como o detentor do saber e o aluno como um mero receptor.”
A contribuição na dificuldade de aprendizagem é muito importante não somente entre professores, escola e outros profissionais da educação, mas principalmente entre os pais e os educadores. Esta integração trará efeitos positivos e melhora no rendimento escolar.
Considerações finaisConcluímos que todas as crianças com dificuldades de aprendizagem têm direito de frequentarem escolas e estarem inseridas em um ambiente reestruturado às suas necessidades - com profissionais que façam intervenções - facilitando a sua aprendizagem.
A participação dos pais não deve ser só nas reuniões de “pais e mestres”, mas no dia-a-dia da criança. Eles devem mostrar curiosidade em relação ao que acontece em sala de aula reforçando a importância do que eles estão aprendendo, pois assim estarão contribuindo para o sucesso da aprendizagem.
         
O bom relacionamento entre escola e família deve começar muito antes do ato da matrícula. É dever dos pais prepararem o “pequeno” reforçando que a escola será um
lugar prazeroso, de convívio com crianças de sua idade, onde serão desenvolvidas diversas atividades além de brincar, conhecerão novos amigos, irão aprender muitas coisas importantes para a vida. Este estímulo deve continuar com a atenção diária dos pais no acompanhamento da vida escolar de seu filho seja na escola ou em casa.
Nas dificuldades de aprendizagem, tanto pais como os professores têem buscado novos conhecimentos para trabalharem com as crianças. Os professores utilizam cada vez mais técnicas de leituras diversas, brincadeiras, jogos e músicas, com a finalidade de melhorar a auto-estima e incentivar as crianças a um aprendizado mais significativo. 

Bibliografia
Referências
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Publicado em 12/01/2011 11:18:00
Currículo(s) do(s) autor(es)
Maria da Conceição Vieira e Eunice Barros Ferreira Bertoso - (clique no nome para enviar um e-mail ao autor) - Maria da Conceição Vieira: discente, UNASP.
Eunice Barros Ferreira Bertoso: Mestre, docente, orientadora, UNASP.
e-mail: euni.barros@bol.com.br